terça-feira, 31 de agosto de 2010

COPA 2014: Atraso nas obras e falta de licitações apressam o derrame de dinheiro

Sou contra os desmandos, a arrogância, a prepotência, a presunção. Sou contra as falcatruas, a desfaçatez, a roubalheira. Sou contra usar um evento para enriquecer. Sou contra os que se servem do esporte e não servem ao esporte. Sou contra a pouca disposição que se vê no meio político para tratar das necessidades básicas de nossa população. Sou contra receber eventos para tentar construir um país. O correto é construir um país para receber eventos.

Invariavelmente, somos acusados: “Vocês são do contra”. Pois bem: se o exposto acima é obrigação, somos sim do contra.

Estamos apenas no começo de um longo e tenebroso caminho até a abertura da Copa de 2014. E mais longo ainda até a abertura dos Jogos Olímpicos de 2016. E o atraso nas obras e a falta de licitações em alguns casos apressam o derrame de dinheiro público nas obras a ser realizadas.

Pesquisa do Datafolha indicou que 57% dos brasileiros são contra o uso de dinheiro público na organização dos eventos. Para mim, porcentagem até tímida. Esperava mais. Mas me responda: alguém parece preocupado com essa opinião pública agora? Alguém como COB, CBF ou o próprio governo?

Para incrementar as discussões, foi sensacional receber alguém da estatura moral, preocupação jornalística e experiência em jornalismo investigativo como o britânico Andrew Jennings.

Autor do livro “Foul!”, que significa falta, Jennings escavou os porões da Fifa (já havia feito isso com o Comitê Olímpico Internacional em outros dois livros), escancarando negociatas, pressões políticas, suborno nas eleições, corrupção, tráfico de influência e poder ilimitado de uma entidade que tem como presidente um (praticamente) estadista, reverenciado como presidente de uma nação.

Jornalismo investigativo não tem nada de vocação, e tem tudo de obrigação. Foi uma aula de informação incontestável de qualquer entidade esportiva, de qualquer dirigente. Jennings é o único jornalista no mundo proibido de participar das entrevistas coletivas da Fifa. Incomodou demais Sepp Blatter. Considero a proibição uma medalha de honra ao mérito de uma entidade suspeita entregue ao seu algoz mais expressivo.

Jennings ensina muito ao jornalista brasileiro. Não faltaria trabalho a ele nos próximos seis anos. A ideia de que se mudasse para o Brasil, uma brincadeira feita no ‘Bola da Vez’, que o entrevistou, deve ter causado arrepios em espinhas carregadas de más intenções. Mas nós estamos aqui. É nossa responsabilidade. Se investigar, perguntar o que tem de ser perguntado (como ele mesmo disse no programa), cobrar autoridades e dirigentes por desmandos com o dinheiro de todos nós é “ser do contra”, ok, somos. Mas você também deveria ser.

PAC. O ‘Plano de Aceleração da Copa-2014’ informa ao festivo e esfolado contribuinte: pesquisa do Datafolha indicou que, lamentavelmente, 57% de brasileiros ainda insistem em remar contra a maré, desaprovar o uso do dinheiro público na reforma e construção de estádios do Mundial. Sabiamente, 37% dos entrevistados aprovam a ideia de rolar a festa. Acorda Brasiiiiiiiiillll!

(Site ESPN Brasil)

Um comentário:

  1. Jamais uma Copa do Mundo ou uma Olimpíadas trará progresso ao país. Incoerência total, oportunidade de lograr os cidadãos sem cultura suficiente para analisar concretamente que estes dois eventos significa apenas desvios de verbas, estas que sairão de nossos impostos.
    O Brasil só mudará quando tivermos uma Justiça NEUTRA, que possa cobrar e punir os administradores públicos corruptos.
    Mas para isso acontecer é mais fácil os Et's invadirem o nosso Planeta.

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